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A Polícia Civil concluiu o inquérito do feminicídio registrado em Linha Vargas no dia 2 de janeiro. Eluí Marcelo de Vargas, 37 anos, que está preso preventivamente no Presídio Estadual de Sobradinho, foi indiciado por homicídio triplamente qualificado, com as qualificadoras elencadas pelo feminicídio, recurso que impossibilitou a defesa da vítima (ele tinha arma e ela não) e motivo fútil (ciúme).
O agricultor matou a companheira, Valéria Fischborn, de 28 anos, com 6 tiros de revólver, na frente do filho deles de 8 anos. O menino fugiu da casa e pediu ajuda. A Brigada foi acionada e o assassino terminou sendo preso em Lagoa Bonita. Os policiais encontraram a arma do crime que estava em cima da mesa e uma espingarda calibre 12 nas proximidades da casa. A Delegada Graciela Chagas que investigou o caso, diz que apesar do inquérito concluído e remetido ao Judiciário, ela apura ainda outras questões, com abortos que a vítima sofreu. Revela que Valéria teve esse filho de 8 anos com Eluí, e ainda teve três abortos.

Conforme a delegada, o último teria acontecido há um ano, e suspeita-se que ele pode ter sido provocado pelas agressões que sofria. Já o filho do casal, contou à polícia na noite do crime, que o pai tentou mata-lo tambem. Isso será apurado pela Polícia e é aguardada uma perícia psicológica com a criança. Se necessário, haverá um indiciamento posterior do acusado.
Nos anos de 2012, 2013 e 2017, Valéria registrou ocorrências contra Eluí. De acordo com a delegada titular da DP de Sobradinho, a vítima teve uma infância muito pobre e foi residir com esse homem, quando tinha 14 anos, no interior de Passa Sete. O relacionamento deles sempre foi conturbado, com muitas discussões e brigas. Segundo a delegada, a mulher tentou se separar diversas vezes, mas o homem pedia para voltar e ela aceitava.
Valéria era vítima de muitas agressões motivadas por um ciúme doentio de Eluí, relatado por familiares, ao ponto de ela não poder ter contato nem mesmo com os irmãos, detalhou a delegada Graciela. Em 2012, Eluí teria tentado enforcá-la com uma cinta. Em 2013, ela relatou que ele era tão ciumento que, quando chegavam visitas masculinas, ela era obrigada a se esconder.
Graciela Chagas revela ainda que em 2017, ele teria avançado para agredir o filho de 2 anos e a ameaçado de morte. Todos comentavam na localidade que, mais cedo ou mais tarde, ele iria matá-la. Valéria, que era cuidadora em um lar de idosos em Pitingal, chegava a trabalhar com hematomas pelo corpo devido às agressões, e também em oportunidades chegou a pedir socorro nos vizinhos.
Eluí Marcelo de Vargas confessou o assassinato da mulher à polícia, e afirmou que o fez por acreditar que Valéria o estava traindo. A delegada diz que sobre esse possível relacionamento extraconjugal, todas as testemunhas ouvidas disseram não ter qualquer conhecimento nesse sentido, e afirmaram que Valéria Fischborn não saía para lugar nenhum. Graciela Chagas diz que os relatos são de que a vítima ia de casa para o serviço e do serviço para casa. Além de trabalhar no lar de idosos, a vítima do feminicídio também ajudava na lavoura.