A Câmara de Vereadores de Candelária (RS) foi palco, na sexta-feira, 26 de setembro, de mais uma reunião de trabalho da Subcomissão de Defesa do Setor do Tabaco e Acompanhamento da COP 11, vinculada à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
O encontro foi conduzido pelo deputado estadual Marcus Vinicius e reuniu diversas lideranças políticas e setoriais, como o secretário estadual da Agricultura, Edivilson Brum, o deputado federal Marcelo Moraes, a deputada estadual Kelly Moraes, o presidente da Amprotabaco, Gilson Becker, além de representantes de sindicatos, produtores e lideranças regionais. Durante o evento, o presidente do SindiTabaco, Valmor Thesing, participou como painelista, abordando o tema “Impactos sociais e sucessão familiar no campo”, com foco nos desafios e perspectivas do setor fumageiro.
Dados do Censo Agropecuário 2017, do IBGE, mostram que cerca de 72% dos produtores rurais brasileiros têm mais de 45 anos e que apenas 30% das propriedades chegam à segunda geração — número que cai para 5% na terceira geração, evidenciando a fragilidade da sucessão no meio rural. Em contraste com esse cenário, a cultura do tabaco apresenta índices superiores de sucessão familiar. Pesquisa realizada em 2023 pelo CEPA/UFRGS aponta que 68,2% dos produtores de tabaco afirmam ter sucessor na família, número significativamente acima da média nacional.
Entre os jovens que pretendem permanecer no campo, 41,8% indicaram que seguirão com a produção de tabaco, enquanto 24,2% disseram que os filhos não continuarão na atividade e 34,1% ainda não definiram o futuro da propriedade. A pesquisa também revelou que os produtores de tabaco possuem renda superior à média nacional, com quase 80% pertencendo às classes sociais A e B, o que contribui para a maior atratividade da atividade para as novas gerações. Além da rentabilidade por hectare, fatores como o modelo de produção integrada, que oferece assistência técnica, insumos e garantia de compra da produção, são apontados como diferenciais que fortalecem a permanência no campo.
Thesing também destacou os riscos relacionados às decisões da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), alertando para medidas que possam desconsiderar as especificidades da produção brasileira. Citou ainda o crescimento da produção em países concorrentes que, em muitos casos, não são signatários da convenção e oferecem subsídios diretos aos seus produtores, o que representa uma desvantagem competitiva para o Brasil. A reunião em Candelária integra uma série de encontros regionais promovidos pela Subcomissão, que já passou por municípios como Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Rio Pardo, Barão do Triunfo e Camaquã.
Os encaminhamentos das reuniões serão consolidados em um relatório que embasará a atuação institucional da Assembleia Legislativa junto aos governos estadual e federal, além de subsidiar a posição do Brasil nas negociações internacionais da COP 11, que trata das diretrizes globais sobre o controle do tabaco.






