A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Lagoão negou a possibilidade de ter aplicado vacina vencida contra a Covid-19 da AstraZeneca/Oxford, conforme reportagem da Folha de S. Paulo publicada nesta sexta-feira (2). De acordo com o jornal, 20 doses com o prazo de validade expirado teriam sido administradas em Lagoão. O vencimento do lote era 14 de abril. Na tarde desta sexta-feira (02), a reportagem das Rádios Sobradinho AM e Jacuí FM não conseguiu contato telefônico com o prefeito Cirano Camargo, nem mesmo com o vice Nélio Fornari para esclarecer o assunto.
Na manhã deste sábado (03) o secretário da Saúde de Lagoão, Fabio Camargo, afirmou que pode ter havido algum erro de dados no momento em que as doses aplicadas foram computadas no Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações – o SIPNI –, do Ministério da Saúde. Ele revela que as doses apontadas na reportagem do jornal foram recebidas em janeiro, e imediatamente aplicadas. Conforme o secretário, há documentação que comprova isso. Segundo Camargo, a vacinação inclusive contemplou os profissionais da Saúde do município nos dias 27 e 29 de janeiro. Salientou que não existe a possibilidade de um frasco recebido em janeiro ter sido administrado somente depois de 14 de abril, uma vez que o município recebe poucas doses por vez para aplicação. A Secretaria de Saúde do município entrou em contato com a 6ª Coordenadoria Regional de Saúde e aguarda esclarecimentos e orientações.
Já o Ministério da Saúde e as Secretarias dos Estados afirmam que os lotes foram distribuídos dentro do prazo. Já as prefeituras negam injeções irregulares de doses. Afirmam haver erros de registro, e preveem fazer nova checagem dos dados. Conforme o Jornal Folha de S. Paulo, esses imunizantes, de oito lotes importados AstraZeneca/Oxford, foram usados em 1.532 municípios do País, incluindo aqui na região Lagoão e Santa Cruz do Sul. É possível consultar o lote do imunizante no cartão individual de vacinação. Ao Estadão, o ministério afirmou ter distribuído os produtos na data correta. Disse ainda caber ao gestor local o acompanhamento da validade dos frascos e da aplicação das doses.
Em Santa Cruz, a Secretaria da Saúde informou através de comunicado, que irá apurar os fatos, através de um levantamento dos lotes e, caso for comprovada a questão, entrará em contato individualmente com os vacinados e encaminhar a conduta conforme orientação do Estado.
O governo gaúcho afirmou que vai fazer conferência das notificações e disse ter um plano de contingência, caso seja confirmada a aplicação indevida. “Segundo relatos da Organização Mundial da Saúde, o risco se dá em relação à diminuição do efeito protetor da vacina e não ao risco de evento adverso pelo prazo de validade”, afirmou a OMS.
Segundo a orientação do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO), caso alguma vacina seja administrada após o vencimento, essa dose não deverá ser considerada válida, sendo recomendado um novo ciclo vacinal, respeitando um intervalo de 28 dias entre as doses. O vacinado deverá ser acompanhado pela Secretaria de Saúde local.