A sócia-proprietária de uma clínica que atende crianças com necessidades especiais, alvo de investigação da Polícia Civil, e o administrador da empresa divulgaram vídeos nas redes sociais contestando as informações tornadas públicas nesta quarta-feira (12) pela delegada Graciela Foresti Chagas. Ambos negam estar cometendo irregularidades no atendimento realizado. De acordo com a delegada, que não revelou os nomes dos investigados, a apuração teve início em julho com o objetivo de esclarecer diferentes denúncias. As suspeitas envolvem o uso de cargo público ocupado pela sócia-proprietária para a captação e destinação de crianças da rede municipal de ensino para diagnósticos e tratamentos no estabelecimento, a emissão de diagnósticos de síndromes sem observância de critérios legais e com resultados incompatíveis com as necessidades das crianças, cobrança indevida de valores, medicação excessiva, ausência de autorização para funcionamento clínico, comprometimento da saúde física e mental das crianças e famílias, assédio a famílias que optavam por interromper os atendimentos, entre outros fatos.
O administrador da clínica foi o primeiro a se manifestar publicamente. Em vídeo divulgado nas redes sociais, ele negou que a proprietária esteja utilizando seu cargo na Prefeitura de Arroio do Tigre para captar clientes e afirmou que os atendimentos realizados pela clínica não têm relação com os serviços prestados ao município. Ele também declarou que não há irregularidades nos testes aplicados para diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que seriam realizados por uma psicóloga. Segundo ele, tanto a profissional quanto a clínica são cadastradas no Consórcio Intermunicipal Vale do Jacuí, cada uma com vínculo individual, e que o município auxilia famílias que não têm condições de arcar com os custos das avaliações. O administrador negou qualquer irregularidade junto ao SUS e afirmou que a clínica está apta para os atendimentos realizados, acrescentando que chegou a contar com o trabalho de uma médica, mas que ela atuava em nome de sua própria empresa. Ele ainda negou que as famílias sofressem pressão para permanecer nos atendimentos e lamentou comentários pejorativos divulgados nas redes sociais, alertando que os autores podem ser responsabilizados judicialmente. O administrador agradeceu as manifestações de solidariedade e afirmou que a clínica segue com seus atendimentos normalmente.
A sócia-proprietária, em vídeo, declarou estar com a consciência tranquila, informou que forneceu todos os documentos solicitados pela investigação e agradeceu as manifestações de solidariedade recebidas.
A Polícia Civil cumpriu cinco mandados de busca e apreensão no estabelecimento, na residência da sócia-proprietária, em residências de médicos e em um consultório médico. A ação foi acompanhada por integrantes do Departamento de Auditoria Estadual do Sistema Único de Saúde, que elaborará parecer técnico para avaliar possíveis irregularidades no recebimento de recursos por meio do consórcio público intermunicipal e em cobranças particulares. Participaram da operação policiais civis de Sobradinho, Passo do Sobrado e da DRACO – Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas de Santa Cruz do Sul.
A reportagem da Rádio Sobradinho convidou os responsáveis pela clínica para entrevista, mas eles preferiram não se manifestar neste momento. A delegada Graciela Foresti Chagas também optou por não conceder entrevista por enquanto, mas informou que a investigação segue em andamento e que, em momento oportuno, prestará novos esclarecimentos.








