Foto: Henrique Lindner
A extinção da 5ª Companhia da Brigada Militar é um retrocesso social enorme. A afirmação é do juiz Felipe Bock, titular da 2ª Vara Judicial e diretor do Foro da Comarca de Sobradinho. Em entrevista ao programa Enfoque da Rádio Sobradinho AM, ele avaliou os reflexos que a decisão terá, caso seja confirmada. Conforme o magistrado, como em muitos processos os policiais militares são ouvidos nas audiências judiciais, o fato de ter de se dirigir ao comando em Candelária para fazer a intimação, poderia resultar em atraso no andamento do trabalho, e por consequência, maior demora em certas decisões do judiciário. Na opinião do juiz, do ponto de vista técnico seria mais acertado que a 4ª Companhia de Candelária fosse absorvida por Santa Cruz e não Sobradinho por Candelária. Conforme ele, a distância entre a sede da companhia e os municípios mais distantes, como Tunas e Lagoão, chegaria perto dos 100 quilômetros.
O juiz estava acompanhado da chefe do cartório da 2ª Vara Judicial, Ana Paula Scheuermann. Ela lembrou que em caso de bloqueio do trânsito na serra entre Candelária e Sobradinho, ficaria inviável o envio de reforço policial da sede da companhia numa eventual urgência. Na avaliação dela, a decisão foi tomada por quem não conhece a realidade da região Centro Serra. Os dois também observaram que os números relativos a Sobradinho superam a realidade de Candelária, no que diz respeito ao número de varas judiciais, promotorias, delegacias e população, considerando os municípios do entorno.
Além disso, citaram o presídio de Sobradinho que abrange ainda as comarcas de Arroio do Tigre e Salto do Jacuí, enquanto que o de Candelária, apenas um município. O juiz afirmou, entretanto, que o Poder Judiciário não pode intervir para tentar reverter a decisão já que é uma deliberação política, de competência do Executivo. Esta semana, os juízes, promotores, o defensor público e a subseção da OAB das comarcas de Sobradinho e Arroio do Tigre, enviaram um ofício ao presidente da Assembleia Legislativa, deputado Adolfo Brito, solicitando uma audiência com o governador do Estado e o Comando Geral da Brigada Militar para tratar do assunto e solicitar que a extinção da 5ª Companhia seja revertida. Embora a decisão já tenha sido tomada, até o momento não houve nenhuma mudança na estrutura do órgão em Sobradinho.