Milhares de produtores rurais de todo o Estado estiveram reunidos nessa quinta-feira (04), no Parque da Fenarroz, em Cachoeira do Sul. O movimento SOS Agro RS mobilizou e uniu agricultores de diferentes portes de dezenas de municípios gaúchos para cobrar respostas e buscar o compromisso dos governos para recuperar sua capacidade produtiva. O setor vive um momento crítico, pressionado por dívidas geradas com a frustração de safras anteriores e pela devastação das enchentes de maio no Rio Grande do Sul. Segundo Lucas Scheffer, um dos organizadores, os manifestantes defenderam pautas de empresários e trabalhadores da agricultura e contaram com apoio de entidades como Federação da Agricultura (Farsul), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag), Organização das Cooperativas (Ocergs), Federação das Associações de Arrozeiros (Federarroz) e Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).
Ao longo do dia, houve palestras, depoimentos de produtores e políticos. No encerramento foi redigida uma ata com as reivindicações dos produtores rurais cobrando soluções para a continuidade do setor. Entre os principais itens da pauta, estão: Prorrogação de dívidas por 15 anos, com dois anos de carência e taxa de juros de 3% ao ano; Crédito reconstrução e capital de giro; Securitização e anistia de dívidas do Pronaf e Pronamp com taxas de juros de 1% a 3% e prazo de reembolso de até 15 anos; Anistia das parcelas de crédito fundiário e do Programa Nacional de Habitação Rural com vencimento de maio de 2024 a dezembro de 2025; Linhas de crédito de R$ 20 milhões para assistência técnica e extensão rural, crédito para reconstrução de propriedades e capital de giro para cooperativas de produção, e Auxilio emergencial de 1 salário mínimo por seis meses para famílias rurais. A área cultivada no estado está estimada em 6,6 milhões de hectares, com uma produtividade média estadual de 2.923 kg/ha. No entanto, algumas regiões colheram muito abaixo desse volume.
As perdas não se limitaram à soja. Outras culturas, como milho em grão e silagem, além de áreas de arroz, foram severamente impactadas. A histórica enchente de maio afetou mais de 206 mil propriedades, sendo que 50 mil produziam grãos. Atividades como criação de suínos, aves, bovinos, bovinos de leite, olerícolas e produção de frutas também sofreram impactos significativos. No meio rural, 19.190 famílias enfrentaram perdas em estruturas das propriedades, como casas, galpões, armazéns, silos, estufas e aviários. Na agroindústria, cerca de 200 empreendimentos familiares registraram prejuízos. Diante dessa situação, os produtores não conseguem cumprir os compromissos financeiros assumidos e reinvestir na recuperação das propriedades. As perdas se concentram em culturas como soja e arroz, além do milho em grãos e silagem. Isso porque, ainda conforme o Movimento SOS Agro RS, o excesso de chuvas inviabiliza colheitas.
A estimativa é que o dilúvio tenha afetado, no meio rural, quase 20 mil famílias, com perdas em estruturas e propriedades. Na agroindústria, cerca de 200 empreendimentos familiares registraram danos por conta da enxurrada. A previsão é que pelo menos 10% da área plantada no estado foi perdida. O efeito da impossibilidade na colheita de grãos ainda gera repercussões negativas em outros setores, como na criação de suínos, aves e bovinos. Segundo os organizadores do evento, uma resposta do Governo Federal será aguardada até o dia 15 de julho. Caso não ocorra, uma nova manifestação será realizada em 19 de julho na Capital do Estado. O movimento SOS Agro RS se declarou apartidário e acima de interesses político-partidários.